terça-feira, 13 de novembro de 2012

" Deixei-me ficar sentado na minha cadeira de Savonarola, cansado e aspirando ao repouso. Wolf dormia a meus pés, havia já alguns dias e noites que mal se apartava de mim. De vez em quando abria os olhos e dirigia-me um tal olhar que quase molhava o meu de lágrimas. Por vezes, erguia-se e vinha poisar a enorme cabeça nos meus joelhos. Saberia ele o que eu sabia ? Compreenderia, como eu, que a hora da separação se aproximava ? Acariciava-lhe em silêncio a cabeça e pela primeira vez não sabia que dizer-lhe. Como explicar-lhe o grande mistério que eu não podia explicar a mim próprio ?
       - Wolf: vou partir para uma longa viagem, para uma terra longínqua. Desta vez não te posso levar, meu amigo. Tens de ficar aqui, onde vivemos juntos tanto tempo, compartindo penas e alegrias. Não deves chorar-me, deves esquecer-me, como todos os outros me esquecerão, porque é essa a lei da vida. "
In : O Livro de San Michele - de Axel Munthe

Terminei a leitura deste livro que me sensibilizou bastante. O seu amor pelos animais, pelas aves, pela natureza é fabuloso. A vida deste homem é um exemplo de coragem, de humanidade, de generosidade. Para reler e não esquecer.

"........uma cotovia pôs-se a picar-me nos dedos e gorjeou: 
         - Encontrei na Lapónia um papa-moscas que me contou que, quando era pequeno, tu curaste a asa partida dum dos seus avós e aqueceste o seu corpo gelado contra o coração; depois, abrindo a mão para lhe dares a liberdade, beijaste-o, dizendo: «Vai com Deus! pequenino irmão! Vai com Deus! Boa sorte, boa sorte»."
In : O Livro de San Michele - de Axel Munthe
                                                              AXEL MUNTHE

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